quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Insatisfação

Os eternos insatisfeitos com a mania de que o não são, são uma imutabilidade constante nesta vida e a suprema ironia do negócio está na posição instável e volúvel que tomam e pela qual regem, com insaciável e ambicioso ceptro, a sua existência.

Têm constante vontade volatilizada de beber e comer até o que não querem ou antes mesmo de saber que na realidade o não querem e se surpreendem, no fim, de alguma vez o terem querido. Não por gula exagerada ou voracidade excessiva, mas por não saberem se é bem disto ou daquilo que necessitam, convencidos que estão de que de tudo carecem.

Tudo lhes acontece, quase sempre nada, mas convencidos de que o Universo está contra e não merecedor do seu talento arreigado, digno amor e benemérito zelo. São sempre melhores e mais benfeitores do que todos os outros, encontrando defeitos nos não-dignos-ou-eternamente-aquém-daquilo-que-são - os falhados.

Que vaidosos ficam quando se convencem disso a expensas de nunca descobrirem as inerentes lacunas da obscuridade pedante e emproada em que vivem, num síndrome de doença auto-imune ou direito-reservado-a-filhos-da-puta-vitimizados-por-encomenda. Porque depois são sempre vítimas e a culpa é sempre dos demais, nunca deles, e por isso estão, naturalmente, escusados de pedir desculpa quando enfiam a pata toda na poça enlodada e arrastam os outros com eles a banhos conspurcados sem nunca terem pedido ou desejado fazê-lo.

A terapia existe e a descontaminação da maleita reside, com base mais do que sustentada, em assumir o papel e a função à qual se devotam com tamanho empenho.
Para quê esconder o que está lá e é visível a todos? Poupam na pseudo camuflagem porque não embusteiam quem nunca se deixou enredar no embuste, nem mesmo aqueles forçosamente destacados e distinguidos para participar (sem o saberem) em tamanhas patranhas.