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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Salva-se a alma

Salvou-se uma alma transformada em duas ou mais, discorrido o devido tempo que amacia e abranda o que não se escolheu e nos foi por mote e divisa própria imposto.

Escolhe-se amar e travam-se batalhas por se achar que não se sabe ou consegue viver do resto. O que sobra e sobeja, aparentemente fraco, é com o que se conta aqui e ali. Despojos de sentimentos de eco-ponto amarrotados e quem sabe reciclados se a vontade, tentação, instigação ou fraqueza o permitirem.

Paga-se para ver, luta-se para ficar ou opta-se por não ceder ou dar mais. Porque não chega, não é suficiente, não se querem pessoas aos gomos, em partes ou em talhadas, rotas, esboroadas, em migalhas. Controla-se onde se pertence ou quer pertencer. Rebentam-se grilhões e cativeiros em nós, mas o jugo da dependência dos outros é mais do que acessório. Fica, é presente, tem vida própria, agride, fere e dói...sempre.

Se a vida fosse como nós queremos....a luta, a garra com todo o sentido bélico da coisa, seria outra!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Protegida

Uma página em branco grita por escrita.
É chão, parede e tecto para preenchermos tudo o que quisermos e desejarmos porque, até à morte, somos invencíveis e o que me ensinaram é que o que não nos mata torna-nos mais fortes (vá-se lá saber o que entende por fraco quem de sua cabeça ou experiência inventou tal sentença e se não estará já morto quem por nada fraqueja).

Enxagua a alma escrevermos o que não podemos dizer aos outros por falta de tempo, juízo ou coragem. Desempacotamos, assim, as amarguras e alegrias agasalhadas e as benquerenças e vontades em nós embrulhadas. Mais importante do que procurar respostas para as questões onde estou?, para onde vou?, é encontrar decifração para ‘o que quero fazer de mim’? É preciso um bom tonel de coragem para absorver e governar o nosso mundo e continuar a viver e sentir que sentimos ao final de cada dia.

O medo passa à porta e quer altear-nos a tranca que nos protege a guarda. Deixa-nos à deriva, com a certeza de perigo que espreita, parco resguardo e débil amparo. À cautela, reforçamos o ferrolho com voltas de chave, robustecemos aldrabas, cerramos janelas e corremos cortinas. Encapotamo-nos por debaixo dos lençóis de uma vida e clamamos sem grito por colo de mãe. O que o temor faz aos homens tornando-nos frágeis como formigas!

sábado, 20 de setembro de 2008

Living beings

Dizem que Deus é o autor do mundo.
Se todos nós somos a sua obra, somos fruto de um ‘enredo’ muito inteligente – criou-nos tão diferentes, distintos e ambíguos.
O resultado da equação podia ter sido bem diverso. Ou talvez não. Talvez até nem tenha sido propositado...talvez o acaso tenha feito bluff ao lançar os desavindos dados.

Em vez de seres amorfos, indiferentes e apáticos, dotou-nos de inteligência, sentidos, sentimentos e um sem fim de capacidades das quais só nós, humanos, somos tão bem dotados. Com isso, fizemos o que nos deu e nos dá na telha, na real gana ou noutra coisa qualquer. Com maior ou menor grau de culpa, remorso, arrependimento, alegria, fragilidade, amor, agravo, crime, aflição, pena, dor, mágoa, (des)respeito, sinceridade ou mentira, debilidade, ânsia, talento, paixão ou compaixão, consciência, coragem....ou até nenhuma destas coisas.

As pessoas fortes são as que dão luta. As que se riem do futuro são as confiantes. As frágeis choram o passado. As felizes são as verdadeiramente apaixonadas. As que facilmente riem e fazem rir são as apaixonantes. As ‘filhas-da-mãe’ são as que se dão bem (mesmo que seja por pouco tempo). As caricatas são as de quem nos lembramos. As que nos olham nos olhos são as de quem precisamos.
No alinhavado da vida, fomos todas elas. Não há preferidas em relação a outras. Ter quem concorde sempre com aquilo que dizemos ou pensamos é bom. Sentimos inconsciente animosidade por aqueles que discordam connosco, mas são as pessoas complicadas que nos fazem travar as maiores lutas dentro de nós, que nos fazem crescer, pensar e mudar

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Senso-(des)comum

Para falar verdade não sei muito bem o que querem dizer, mas ouço muitas vezes falar através de portas, janelas e outras saídas travessas no ‘bom-senso’ que todos desejam imperador.

Sem saber muito bem quem é o magistrado nesta justa causa com a poderosa incumbência de limitar e delimitar o que é o bom-senso, não posso deixar de pensar em quem terá justeza suficiente para delinear o traço de onde acaba o bom e começa o ‘mau-senso’. Já para não falar na posição que ocupa, algures pelo meio, o senso comum (de repente, não me ocorre nenhum nome!).

Quem julga, trata, conceitua, absolve ou condena o que pertence a cada equipa permanece incógnito. Se cada um catalogar o que lhe apetece pelo seu próprio conceito de moral e pela sua tão pessoal e íntima visão do mundo, então cada um pode fazer e pensar o que lhe apetecer!, sem correr o risco de cair em erro ou mau julgamento, pois se não há árbitro à altura para sancionar o que está ou não errado a fim de o tornar correcto….talvez o erro esteja mesmo em ponderarmos entre o bom e o mau senso – se é que esta dicotomia existe! Não existem melhores ou piores juízos, tinos, sisos, sensos. Em cada indivíduo, eles são, apenas, diferentes.

Baseados naquilo que achamos bom ou mau, julgamos pessoas e situações, damos conselhos, avaliamos comportamentos, traçamos caminhos, tomamos posições, encontramos preferências, esquecendo, na maioria das vezes, que o nosso senso comum diverge do dos outros e que o que para nós é bom ou mau pode não ser concordante com o que os demais pensam. O que para uns é fastio e enfado, para outros pode ser alegria e divertimento, firmeza para uns será sinal de fraqueza para outros, valentia poderá ser cobardia, excesso de expansividade poderá ser camuflada timidez….a lista seria interminável.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Rotinas

Qual é o problema que todos têm com a rotina??

Pergunta que não é retórica. Tem resposta.
Não será a vida feita de rotinas? Sem dúvida.
O dia a dia de todos é hábito, é costume, é prática frequente de um chorrilho de coisas: o acordar, o dormir, o lavar os dentes, o comer, o amar, o brincar, o trabalhar, o pensar, o cuidar, o ler o jornal de Domingo, o espreguiçar na cama e o ver aquele filme ao fim de semana refastelada no sofá, o estar com a família, os momentos com os amigos, o saborear o delicioso café pós refeição e o deleitável cigarro pós coito.

Abaixo o chavão e o lugar-comum de que a rotina tem que ser enfado ou que algo não resulta porque se tornou praxe obrigatória. Cabe a cada um de nós converter a amofinação do que é hábito e costume em prazer e deleite. Procurar consolo, gozo e alívio no que se fez ontem, no que é feito hoje e no mesmo que será feito amanhã. Podemos fazer o que é constante com sabedoria, ciência, erudição até, e versatilidade. A vida é feita de pormenores, isso sim. Coisas pequenas - as quais podemos tornar proveitosas, frutíferas, sinónimos e revelações ou anúncios de prazer.

Quem muito deseja viver no limite e se alimenta da adrenalina premente acaba só e, invariavelmente, infeliz. Quando olha para trás, a vida passou tão rápida e aceleradamente que nem nos lembramos dos pormenores ou das pessoas importantes com quem vivemos (ou que seria suposto lembrar). A vida não se vive melhor no limite do cansaço que causa a procura e a demanda incessante de algo novo, porque se esgota, não é fonte renovável e cansa. Existir assim é viver no limite do inadiável e há tanta coisa que podemos adiar e substituir por outras mais pequenas, mas imensamente proveitosas.

Quero ‘crescer’ bem.
Significa isto que aprendi a gostar das rotinas e não as sentir como fantasmas ou espectros que assombram a nossa humana e transitória existência. Quero a mesma companhia anos a fio. Quero amar o mesmo hoje e sempre, aos trinta. Quero sexo, amor, felicidade e rotineira segurança, aos quarenta. Quero os almoços e jantares em família, aos cinquenta. Quero poder ter o meu kit de roupão e chinelos, aos sessenta. Quero passeios à beira mar de mão dada, aos setenta. E se toda esta longevidade me for permitida, quero fazer, refazer, misturar e repetir tudo de novo, vezes e vezes sem conta.

Pioneirismo

Queria viajar-te por dentro.
Descobrir artérias, vasos, sentidos, músculos, espírito e alma sem pagar portagem, tarifa ou preço tabelado. Queria ser EU a desenterrar em ti e no teu ser aquilo que sequer foi tocado e se conserva inviolado. Todos temos, algures, uma parte dessas. Aquela peça do Lego que escapou a alguém dissecar, encaixar, conhecer, compreender e aprender a amar.

Ser pioneira!
É essa a palavra! (‘tava mesmo na pontinha da língua’ - que é outra parte boa, mas para redescobrir’ porque já vai ‘adiantada’ a idade e porque para ser, ainda, um fragmento a destapar e explorar não poderia ser em ti (ou nós, humanos, ex-crianças de peito, mamíferos de leite nascidos, hoje adultos) não fosse este o orgão mais prematuramente usado na busca de alimento, no conforto de um regaço cobiçoso e sôfrego de aleitamento- a descoberta da língua seria, pois, uma tarefa inexequível :).

Queria ser sentinela da tua vontade. Perceber-te a alma encoberta. Velar-te o desejo e equilibrar-te o ânimo. Conhecer-te o avesso como observo o invólucro. Ser dona daquilo que te faz feliz e fazer do meu aconselhar uma responsabilidade desnecessária. É sempre o amor que vence e nunca o ódio ou a raiva. Gostava de nunca ter esquecido esta verdade inquebrável.

domingo, 11 de maio de 2008

O legado

Os pais fizeram-na assim. Manteiga derretida. Não que isso fosse problema. Aprendeu boas lições de vida com eles. Daquelas que ficam entranhadas e cravadas na pele para o resto da vida. Respeitar os outros, não tratar mal por dá-cá-aquela-palha e até dar a face direita depois de ter sido esbofeteada na esquerda. Outro legado lhe deixaram: pedir perdão é sinal de grandeza e nunca de fraqueza, rebaixamento ou humilhação. Mostrar o que sentimos era outro dos mandamentos. Para quê reprimir um ‘amo-te’ quando podemos dizê-lo vezes sem conta porque não se gasta?

Foi assim que cresceu e foi educada. As pessoas não são sempre boas ou más, não têm defeitos, mas sim características e era assim que ela as via. Mais vale empolar as virtudes e olhar para elas com admiração do que inchar as imperfeições e transformá-las num esboço falhado de alguém que não pode ou sabe mais.

Ensinaram-lhe que temos que estar munidos de uma balança. Ela entendeu, logo à primeira, o que isso significava. A escolha só podia ser feita por ela e por mais ninguém. Uma coisa equilibrada. Dois pratos, um de um lado, outro de outro, sem margem para erro ou dúvida. De um lado os prós, do outro os contras. Uma escolha ajuizada e prudente. Não bastava ter o objecto, a tal balança, era preciso saber usá-lo com cabeça, coração e sentimento. ‘Que pessoa queres para a tua vida’, questionavam eles. ‘Põe num prato as boas características e no outro prato as más e PENSA ‘o que é a minha vida com esta pessoa e o que é sem’. A escolha, assim, era fácil, se tudo dependesse dela e o amor triunfasse, que se lixassem os defeitos. A escolha era óbvia. Antes viver com os defeitos, mas ficar com essa pessoa, do que perdê-la para sempre. O amor triunfava e a adaptação era o troféu desejado.

Ela cresceu, viveu, reviveu e a vida ensinou-lhe uma coisa diferente.
O legado mantém-se, mas nem tudo são rosas como diziam os outros e quando só ela é que está munida dessa balança está o caldo bem entornado e derramado. Um sozinho não luta e ela sozinha não sabia lutar. Não lhe ensinaram essa parte da lição tão importante. Afinal de contas, as pessoas têm mesmo defeitos. Alguns genéticos, outros que a vida plantou e se tornaram incontornáveis por mais que empreendesse e tentasse trocar-lhes as voltas.

A sua experiência acabou por fazê-la de pedra. Uma ardósia dura onde se permitiu ser escrita, mas nunca apagada. Ela ainda perdoa, mas não esquece os riscos mal escritos, tão grosseiramente garatujados e as intransigências e ideias pré-concebidas que quem nunca a desejou ler como ela merecia.