terça-feira, 29 de janeiro de 2008

The (happy) end

'Os que a ferro matam, a ferro morrem.'

Sun Tsu (in a Arte da Guerra)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Pensamento do dia

Nada como a nossa própria merda para percebermos o quanto fedemos.

Tomás de Aquino

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Três desejos

É muito famosa a lenda ou o mito do génio da lâmpada que depois de ser bem esfregado….PUFFF!!, com roupa mais ou menos gay, aparece e nos concede três desejos (aos quais, muito sinceramente, acho que todos deveríamos ter direito. ‘Merda, esta tinha sido uma boa alínea para eu ter colocado no texto onde falo do 3 como número especial. Talvez um dia acrescente, quando me lembrar’).
Esses desejos deviam ser registados logo à nascença, na Conservatória do Registo Civil, para ficarem bem firmados, assinados e não esquecidos. O problema é que pela nossa tenra idade, face ao analfabetismo inerente a qualquer recém-nascido, nem a escolha dos tais desejos, nem a assinatura de compromisso dos mesmos, seria possível! Ok….alguma coisa se haveria de arranjar! Nem que os nossos pais ou familiares fossem obrigados a deixar uma caução em dinheiro ou géneros a fim de assegurar que esses três desejos fossem, impreterivelmente, concretizados assim que atingíssemos a maioridade. Assim tínhamos duas prendas: o gozo dos direitos civis (ainda me hão-de dizer quais são!) e os tais três desejos. Que luxo!

Como poderão imaginar iria haver uma grande repetição de desejos. Os homens iam SEMPRE desejar, pelos menos, uma gaja ‘boa’ na vida e toda a mulher ia querer que, pelo menos, uma vez na vida, algum homem achasse que ela é essa gaja ‘boa’. Os outros desejos iam variar consoante a estupidez, a avareza, a ambição e a inteligência (ou falta dela) das pessoas.

Sou da opinião de que deveria haver, ainda, uma distinção bem definida e vincada entre aquilo que são desejos e sonhos. Em vez de termos só 3 dos primeiros, devíamos ter, também, 3 dos segundos.

Ora feitas as contas, aos trinta anos, tenho 2 sonhos realizados: já vi DMB ao vivo no meu país (conhecer o Eduardo, no concerto, foi um excelente bónus) e já pisei solo americano. Estou a caminho do terceiro – pisar solo africano. Já viram se não tivesse direito aos 3 sonhos!!!!? Aos 30 anos a minha vida tinha perdido toda a magia!! Assim fico mais feliz por poder sonhar que ainda me restam outras tantas alternativas e posso fazer ‘cagadas’ sem jeito ou compostura porque tenho ainda mais três créditos para consertar, remediar ou minimizar os estragos.

U.S.A. – ‘American Idols’

Estados Unidos da América
A Terra Prometida: das oportunidades, da fast food e dos menus McFamília-Feliz, da Oprah e do Connan O’Brien, da maior quantidade de S.U.V.’s em circulação por m2, do combustível mais barato onde tudo se troca ou traduz pelo preço do barril de petróleo, das estagiárias que são ‘obrigadas’ a fazer sexo oral aos presidentes, de Hollywood e da sua produção cinematográfica (que o resto do mundo engole, devora e aplaude sem contestar), do passeio das estrelas e da noite dos Óscares. Terra das raças, da diversidade, da emigração e imigração, dos exageros, da disputa com a Rússia pelo número de ogivas nucleares, da disputa com….ok…com o resto do mundo, só para abreviar. Terra do poder.

Se falamos em poder, temos que falar em Presidência. Aqui a coisa cheira mal, mesmo mal. George W. Bush. O que dizer? Tomou o cargo ‘quase’ de assalto, para não dizer que foi assim mesmo. Um ex-alcoólico confesso, ex-aluno de baixo rendimento escolar, ex-presidente de um clube de baseball, marioneta fácil dos amigos poderosos do papá Bush que tão bem o ajudaram a vencer as presidenciais através de uma artimanha chamada ‘ladroagem’, surripiando votos a seu favor, fazendo com que fossem invalidados os votos que davam a vitória a Al Gore. Para o conseguir, (entre outras canalhices) fez com que aqueles que fossem cadastrados não tivessem direito a votar. Resultado: a grande maioria de afro-americanos e hispânicos (com cadastro – ainda que fosse por não terem pago a pizza ou por atirarem lixo para a rua) perdeu o direito ao voto, votos esses que (ele muito bem sabia) pertenciam a Gore. Antigamente, os políticos esperavam a chegada ao poder para se tornarem escroques. Bush chegou lá pré-ambalado! E é um tipo destes que tem O PODER sobre o mundo e o dedo pronto no botão para o fazer explodir a qualquer momento! Sei que herdou uma herança difícil – Clinton não tinha feito melhor – mas limitou-se a piorar essa herança. Tarefa complicada!!!

Nos 4 primeiros meses de mandato, Bush despoletou uma guerra fria com a China e a Rússia (os velhos inimigos), fez desmoronar o processo de Paz com o Médio Oriente, desrespeitou acordos com a ONU sobre Direitos Humanos, bombardeou civis no Iraque, aumentou as tensões com a Coreia do Norte, colocou todos os países do mundo contra os americanos quando informou que levaria adiante o insano programa de defesa antimíssil ‘Guerra das Estrelas’ – tanta merda EM MENOS DE 120 DIAS!!! O ex libris da idiotice, da ganância e dos interesses de lobbys veio em Julho de 2001 quando, Sua Excelência, El Presidente, rejeitou o Protocolo de Kyoto projectado para reduzir o aquecimento global – o mais irónico é que são os americanos os principais responsáveis pelos danos ao ambiente, nomeadamente pelo facto da camada do ozono ter duas vezes o tamanho da Europa. Talvez tenha sido, apenas, pelo facto deste Senhor, TODO-PODEROSO, gostar de ‘calorzinho’ e desejar ser o primeiro em tudo. E ele consegue, não sozinho, mas consegue!!

Entre as 20 nações mais industrializadas do mundo os E.U.A. são os primeiros!!!!: em número de milionários e bilionários, em gastos militares, em mortes por armas de fogo, em produção de carne, em serial killers, em uso per capita de energia, em emissão de dióxido de carbono, em produção de lixo tóxico e doméstico, em consumo de petróleo e gás natural, em menos comparecimento nas eleições e número de partidos políticos representados na Câmara dos Deputados, em registos de violações, em feridos e mortos em acidentes de viação, em nascimentos de crianças filhas de mães com menos de 20 anos, em não assinaturas de tratados internacionais sobre direitos humanos, na probabilidade de uma criança com menos de 15 anos morrer com uma arma de fogo (seja por homicídio ou suicídio), etc, etc, etc (a lista seria, quase, interminável). UFA!!! Fiquei cansada!!
Que orgulho deve ter o povo americano em ser o primeiro em tanta coisa!!! Parabéns, SON-OF-A-BUSH!

Centésima 'postagem'

Cem textos publicados, cem mensagens, cem momentos, cem ideias, cem dias volvidos (e mais uns trocos), cem (minhas) verdades, cem opiniões, cem desabafos.

Sem medo, sem vergonha na cara, sem vontade de parar, sem repressão, sem receio de continuar.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Atendimento automático

Mas quem foi o génio que se lembrou de criar estes oitocentos e tal e qualquer coisa….estes números verdes que existem agora em qualquer empresa, serviço ou repartição? Ainda por cima verdes!! Logo esta cor que associamos de imediato a reciclagem, economia, coisas baratas e à borla. Tudo mentira! Publicidade enganosa, sem direito a reclamação. A tarifa por minuto, quando aparece em rodapé, é numa letra tão mínima que nem de lupa!, e o que deveria lá estar escrito não era o valor…bastava a legenda ‘Assalto declarado à mão armada!’…experimentem ligar do vosso telemóvel e depois digam-me se não tenho razão!

O pior de tudo é o (suposto) atendimento automático. E aqui vamos nós outra vez! Automático pressupõe imediato, num ‘vapt e vupt’ e ao segundo, mas quando discamos o número lá vem aquela voz dengosa, melosa, nasalada de aeroporto tentar explicar-nos o que devemos fazer. Vem o rol das opções que temos, em maior número do que a lista de todas as namoradas do Santana Lopes nos últimos cinco anos e, ainda assim, a opção QUE NÓS QUEREMOS nunca lá está. Depois vem o cardinal e o asterisco (que grande parte da nossa população envelhecida e pouco escolarizada não sabe o que é!), prima esta tecla ou aquela, escolha este número ou aquele, ‘prefere a gravação ou falar com um (verdadeiro) operador?’…’Dasss..tanta pergunta, tanta decisão para tomar, tanta deliberação, quando, de manhã, nem a merda da roupa para vestir conseguia escolher!’. ‘Vai à sorte’, primo o 9 e digo adeus ao resto do meu rico dia!

Sub mundo

Uma coisa é o que se vê, o que se apreende, o que se cheira, o que se ouve, o que se sente, o que se prova, o que se toca. É o palpável, o corpóreo, o visível, o material, o físico e o mundano. São os gatos, ao cães, os pastéis de nata, as luzes, as pessoas, a música, o mar, o vento, o dar, o receber. É o que sabemos, lemos, descobrimos, interpretamos, desvendamos, avaliamos, exprimimos, deciframos. Chama-se mundo real, o tal que se estampa aos nossos cinco sentidos e que interpretamos com a ajuda do sexto (que não se vê, mas que dizem que está cá dentro) mais o apêndice da (in)experiência de vida que nos faz ‘observar’ e decifrar o que existe.

Depois temos aquilo que não vemos. O mal que nos fazem por trás das costas e tudo o que nos passa ao lado, os segredos, os sigilos, os recatos, os esconderijos, o ‘diz-que-diz’ resguardado, o adultério secreto, a doença galopante e calada por descobrir, ‘o undercover’, o mistério encoberto, o que se passa portas fechadas e por baixo da mesa, o ‘bluff’ nunca revelado, as verdades caladas no confessionário, a morte a caminho e nunca anunciada, o buraco do ozono aberto por cima das nossa cabeças, as decisões tomadas à porta fechada jamais divulgadas. Disto se faz o sub mundo onde de nada servem os tais 6 sentidos.

Faz rotação a par do primeiro. Um e outro são indissociáveis, inseparáveis e inerentes. Fala-se de um, temos o outro. Não vemos o segundo, não o sentimos, não o cheiramos, não o ouvimos, mas (in)directamente tem consequências na nossa existência. O que fazer? Nada. Está fora do nosso domínio. Não podemos controlá-lo, assim como não controlamos ou fiscalizamos os outros sendo verdade que é de pessoas, também, que se faz este ‘sub-tipo’. Podemos viver no primeiro sem nunca nos darmos conta do segundo. O inverso seria impossível. Há coisas espantosas, não há?

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Vícios

Há de vários tipos. Revelam-se em nós, ou revelamo-nos neles, de várias formas e feitios. Os mais comummente conhecidos ou (ingénua e) socialmente temidos são: o álcool, o tabaco, a droga.
Não existe adicto consciente que não queira livrar-se do vício, algum dia, nalgum tempo, nalgum lugar. Os 'inconscientes' não se querem livrar porque simplesmente não o vêem. A urgência é sentir.

Dizem que o tabaco é prazer. E é. Como fumadora, assumo essa verdade inquestionável, mas sei que faz mal e sei que tenho que deixar. Um dia deixo. Não hoje, não amanhã, um dia. ('Que seja rápido, porque esta nova lei 'do fumo' (justificada pela falta de civismo da maioria dos portugueses, admito) trata-nos como cães ao abandono ou como se tivéssemos o ébola ? parece-me fundamentalismo a mais. Talvez a solução seja começar a mascar o tabaco em vez de o fumar!). Fumo pouco e por prazer. Hummmmm? o prazer. Ora aí está o meu motivo que faz com que seja difícil deixar este vício. Porque é bom, dá prazer, deleite, gozo; pode não dar bem-estar, mas traz satisfação, agrado, aprazimento.
Deixar um vício, qualquer que seja ele, não é fácil. Estamos melhor sem ele, estamos certos disso, mas não o conseguimos ou queremos abandonar. A coisa deteriora-se, em larga escala, se o nível de dependência for muito elevado. Ficamos amarrados e a amarra é forte e hercúlea, por vezes, parece mesmo indestrutível. Desamarrá-la oferece dor, sofrimento, tormento, tortura, abstinência, privação, desamparo, inquietação, degradação, desajuste e até doença. Podemos ser viciados no trabalho, em música, em sexo, em cola, em chocolate, em medicamentos, em jogo, em violência, no perigo, na adrenalina, na cafeína, na morte, no crime, na televisão, em alguém, numa relação (boa ou má).

Procuramos compensações para falhas e conseguimos, muitas vezes, adoptar comportamentos maníaco-depressivos em relação a alguns vícios. Deixamos que estes ganhem vida e vontade sobre nós. Verdadeiros predadores em busca de presa. Tornam-nos impotentes ou, pelo menos, é isso que parece.
Sentimo-nos preparados e capazes de tudo em prol dos mesmos. Esquecemos o mundo e distorcemos a realidade interpretando-a direita quando está torta. Chegamos mesmo a perder o juízo e somos capazes de aceitar ou fazer o inaceitável, tornando-o aceitável (ou vice-versa) na nossa mente e no nosso corpo.

Não raras vezes sabemos que não queremos aquilo, enumeramos na nossa cabeça os motivos, fazemos uma lista, certificamo-nos que está correcta, justificamo-la ponto por ponto, levamos os outros a crerem como nós, decidimos que não queremos e?, depois?, vamos atrás, e aceitamos, e perseguimos, e fraquejamos, e usamos e deixamo-nos ir. É o mal que sabemos que nos faz e o reconhecer que sem esse mal ainda ficamos pior. É a sensação deprimente de que estamos a fazer o contrário do que decidimos e?.não conseguimos inverter, talvez, apenas, subverter! Esta coisa da vontade é mesmo muito relativa. Iludimo-nos num controlo que nunca tivemos, qual marioneta ou joguete na 'mão' de quem manda ou comanda a vida. Ensinaram-nos que o livre arbítrio é 'coisa' nossa, mas, por vezes, não parece nada.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Inversão

Tinha tudo para dar certo.

Moral da história:
Tinhas razão. Podemos, mesmo, apaixonar-nos num dia.
Guardo o momento em que te conheci, o ter-te achado especial e diferente, o apaixonar-me sem saber, os poemas de amor (que pareciam) precoces, os lábios secos quando estavas perto, as mãos dadas debaixo da mesa para que ninguém percebesse o que queríamos secreto, a insegurança de te olhar nos olhos com medo que não fosses meu e real, as carícias debaixo de um cobertor ao ar livre em dia de festa.

Guardo a primeira noite de amor, o 'tira a roupa que ficas mais confortável para vermos televisão no quarto', a urgência que tinhas que eu fosse directa do trabalho para tua casa, o cesto das flores campestres, as mensagens bonitas e sempre enviadas antes de adormecer, a música tocada ao piano no meu voicemail, as fugidas com desculpas para comprarmos cigarros só para nos entregarmos num beijo, o ter-te dito que não queria que aquilo fosse, apenas, um amor de Verão.
Lembro-me de dizer que era cedo p'ra tudo e de tu não quereres que fosse tarde de mais, das dúvidas e das inseguranças dos dois, do direito que achavas que tinhas de ser feliz, apesar de todos os impedimentos, da frase 'estas férias e a ausência física vão ser uma prova de fogo' (sapiência precoce para uma 'morte' anunciada).
Guardo tudo isso....era bom, foi bom!

Lembro-me do acidente.......
De querer estar perto e ter que ficar longe: era a cerca, eram as férias, era a mãe, eram os filhos, era o medo transformado em pânico, era a ex e as amigas que eram mais do que isso,foi o ficar reduzida a um postal e duas fotos; foi a transformação, o desassossego, a distância, o cuidado ou a falta dele, a demasiada sensatez, o fazer mal a achar que era o bem. Os maus conselhos dos outros, os bons (poucos), mas não ouvidos. Que era melhor dar espaço e talvez para sempre. A decisão. O abandono (meu e teu). O sentimento de falta de amor.
Hoje não posso esquecer as críticas, os insultos, o nome 'rameira' pelo meio vindo do nada ou, muito pior, vindo do amor que eu tinha, as injustiças, a vingança, a perturbação, a perda de controlo, o fazer mal gratuitamente sem ter noção do estrago, o egoísmo, o desaparecimento da sensibilidade, do respeito, da sensatez, do diálogo, da necessidade, do carinho, da admiração, do sentido de espaço.

Moral da moral da história:
Podia, mesmo, ter dado certo.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Sensibilidade e bom senso

Sentir.

Por fora é: uma canela esfolada num patim distraído; um dedo picado numa agulha marota, que a vista cansada já não vê como antes; um braço mordido pelo ferrão de uma abelha que fez do derradeiro ataque a sua morte fatal; o rabo dorido sentado na desconfortável cadeira, horas a fio; o ardor nos olhos das gotas prescritas que nos fazem chorar; a dor na barriga de tanto rir de uma galhofa pegada; o prurido da alergia aos morangos silvestres que nos alertaram para não comermos; a picada do espinho da rosa mais bela até hoje oferecida; uma língua queimada com a água fervida do chá das cinco; um toque macio dos lençóis de seda na pele enrugada; uma brisa esvoaçante no cabelo que emaranhado se agita; um dente do siso dorido e teimoso que não dá mais juízo; o prazer no tímpano da música clássica no volume perfeito; um beijo suave de amor que faz a pele eriçar.

Por dentro é: a pena causada pela morte que furta a vida sem a trazer de volta; o desespero de amar e não ser amado; a angústia de querer ser aceite e ser desprezado; ter os nervos em franja e à flor da pele; a vontade de agradar e ser correspondido; o amor sentido por quem nos faz bem; o amor sentido por quem (até) nos fez mal; a alegria de viver e nos sentirmos vivos; a adrenalina sentida numa situação de perigo; a raiva anciã que nos alimenta o corpo; a benevolência com os erros entre pais e filhos; o conformismo perante a perda do irrecuperável; o regozijo de plantar uma semente e vê-la dar fruto; o medo do barulho nocturno lá fora de que o mal esteja à espreita.

Todos sentimos de forma diferente. Alguns de nós expressamo-lo facilmente, outros menos. É importante sentir, mas não menos importante é mostrar. De que adianta sentir sem poder demonstrar, gritar, falar, exprimir, fazer? Respeitar os sentimentos e as sensibilidades alheias é coisa para não esquecer. Sem grandes críticas ou juízos de valor. Não somos iguais, porque haveríamos de ter sensibilidades iguaizinhas como duas gotas de água? Temos que coroar o bom-senso para que ele impere. A receita para isso é a velha máxima: ‘A minha liberdade termina quando começa a liberdade dos outro’. Entendamos liberdade como ‘espaço’ no sentido mais lato ou dilatado do termo. É o espaço físico, moral, intelectual, emotivo, interior de cada um que não se mede com fita métrica com resultado em metros quadrados. Cada um tem o direito a sentir como quiser sem que as fronteiras desse sentir sejam alguma vez invadidas por falsas, intrometidas ou intrusas interpretações de quem não sabe, vê, lê, vive, ouve, absorve e sente como nós.

A magia do 3

É uma verdade não absoluta (mas conhecida) que alguns numerais têm ‘propriedades’ especiais. Não que seja perita em ‘numerologia’ ou em coisa alguma, mas isto é bem capaz de ser verdade. É só fazer contas ao 3.

Os grandes clubes nacionais são 3;
Os Reis Magos eram 3 e levaram 3 presentes para o ‘menino’;
As melhores pastilhas elásticas que andam aí no mercado são as Trident :);
As promoções que valem a pena são ‘Pague 2, leve 3’;
3 boas razões para comer um ovo Kinder: é um alimento, é um brinquedo e uma guloseima;
A melhor Playstation é a 3 :);
Os trevos de quatro folhas são os que dão sorte, mas só se encontram os de 3!;
Quando perdemos a virgindade, ‘perdemos os 3’;
O melhor filme de fantasia e ficção The Lord of the Rings vem em forma de trilogia;
Temos a famosa frase (já neste blog comentada) ‘Uma cagada em 3 actos’ (a tal que nunca entendi);
Temos, ainda, a popular e portuguesíssima banda Trio Odemira (como se um não fosse já mau o suficiente!);
O melhor livro que já li foi The New York Trilogy, do Paul Auster (uma obra ficcional brilhante e imperdível);
Resta-nos a sabedoria da frase popular ‘À 3ª é de vez’.

Está em todo o lado e faz parte da vida. É omnipresente e tem significado! Só tenho pena que o Criador, na altura de criar o mundo, não tenha feito um descanso ao 3º dia para além do 7º. É que assim à quarta-feira também não trabalhávamos!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Mulher versus Homem

É a expressão mais ‘humanizada’ para a questão. Se preferirem, podemos falar de ‘Fêmea versus Macho’ numa versão mais consonante com o primitivismo do reino animal ao qual também, tão bem, pertencemos. Não que este reino se extinga nestes dois géneros: não esqueçamos os hermafroditas e os assexuados.

Mulher – Homem: não vivem um sem o outro e quando ‘vivem’ é por pouco tempo, ou não estivéssemos nós nesta vida ansiando por alguém que nos suavize a solidão e faça companhia. A realidade é que juntos ou separados a mesma verdade nunca é igual para um e para outro.

Mulher com corte de cabelo e roupa ‘à rapaz’ que fuma e bebe é ‘fufa’, homem mais sensibilizado pelo lado feminino é ‘sensível’; quando ela se preocupa com o look é ‘fútil e vaidosa’, quando ele se preocupa com a aparência, usa creme anti-rugas ou acessórios é metrossexual; macho com muitas mulheres é ‘experiente’, fêmea com muitos homens é ‘pêga’; se ele gosta muito de sair à noite para beber uns copos com os amigos é porque é ‘divertido’, se ela gostar do mesmo é porque ‘anda ao engate’; homem solteiro depois dos 30 é ‘independente’, mulher solteira depois dessa idade é ‘encalhada’; se ele não ajuda no serviço doméstico é ‘menino da mamã’, se ela não o faz é ‘desleixada e preguiçosa’; homem implacável nos negócios é ‘bem sucedido’, mulher na mesma circunstância é uma ‘cabra sem escrúpulos’; se a ele não lhe apetece sexo justifica-se porque ‘anda muito cansado’, se a ela não lhe apetece é porque é ‘frígida’; se ele for infiel é porque tem que procurar fora o que não tem em casa, se ela cair no mesmo erro é ‘pêga’ (outra vez); homem adúltero faz a mala e sai de casa e ninguém fala disso; mulher adúltera é ‘lançada à fogueira pública’; se ele cheirar a cavalo é porque cheira a Homem, se ela cheirar a égua é porque é ‘porca’.
Mundo igual, mas ‘mundo’ diferente.

O despertador toca às 6.30h. Acorda os miúdos e veste-os numa fugida. Deixa-os a tomar o pequeno-almoço e toma um banho à foge-que-te-agarro. Veste-se apressada. Sai de casa, enfrenta a merda do trânsito enquanto passa blush na cara e rímel nos olhos (não vá dar-se o caso dos clientes acharem que está com cara de zoombie porque passou a noite na ‘borga’). Deixa as crianças na escola às 8.30h. Vai a comer uma barra energética (que bem precisa) a caminho do serviço porque não teve tempo para mais. Entra às 9h. Trabalha, afincadamente, 4 horas e chega a pausa para o almoço. Que pausa? Que almoço? Sai a correr e vai enfrentar, estoicamente, a fila do Banco, sobra-lhe um nico de tempo para passar na lavandaria e deixar o fato Dele para limpar a seco. O almoço? Aconteceu no meio da correria, uma sande mal deglutida que lhe vai implorar, em menos de um nada, uns sais de fruto para matar a azia. Entra às 14h. Mais 4 horas de papéis acumulados, clientes com pressa e chamadas telefónicas. A cabeça em água. Sai às 18h. Se ‘correr’ contra o tempo ainda apanha meia aula de step no ginásio ao virar da esquina (Deus lhe livre ter que ouvir o marido, mais uma vez, a dizer que ‘tá com umas gordurinhas a mais!’). Sai suada em bica (não tem tempo para banhos, agora), vai a correr buscar os filhos à escola. Chega a casa, ‘acerta os ponteiros’ para conseguir fazer tudo ao mesmo tempo: dar banho aos miúdos, adiantar o jantar, pôr a mesa, vestir-lhes o pijama, ajudar com os T.P.C.’s, apanhar a roupa do estendal que já está seca para a mulher-a-dias engomar, ‘Dassss….pelo menos esse luxo deixem-me ter!!!’, ultimar o jantar, engoli-lo (e aí vem de novo o Eno em seu socorro), levantar a mesa, pôr a louça na máquina, tomar um banho (antes da digestão) ‘não vá agora, depois desta merda toda, ainda ‘esticar o pernil’ na banheira!’, vestir uma camisa de noite aceitável e obrigar-se a assanhar-se como gata sexual a fim de não ter que ouvir balelas do tipo, ‘estás diferente…agora nunca te apetece a toda a hora’ e a cabeça a martelar, ‘Parvo, se ajudasses alguma coisa não me sentia SEMPRE EXAUSTA!’.
Venham agora criticar o versus que ‘espreita’ lá de cima do título e digam que não está certa esta oposição de géneros (mundos). Até o muro de Berlim era mais ‘permeável’!