sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Vaza-me os olhos: continuarei a ver-te,
tapa-me os ouvidos: continuarei a ouvir-te,
mesmo sem pés chegarei a ti,
mesmo sem boca poderei invocar-te.
Decepa-me os braços: poderei abraçar-te
com o coração como se fosse a mão.
Arranca-me o coração: palpitarás no meu cérebro.
E se me incendiares o cérebro,
levar-te-ei no meu sangue.

Rainer Maria Rilke (1875-1926)

In Qual é a Minha ou a Tua Língua? – Cem Poemas de Amor de Outras Línguas
(tradução de Jorge Sousa Braga)

2 comentários:

Nica disse...

Dos mais belos poemas de Amor que me passaram pelas mãos, pelos olhos, pelos sentidos... Mesmo incapacitados, não deixamos de amar se, o que sentirmos, for mesmo amor.

Anónimo disse...

Tens toda a razão. Mas no meu caso, e pelos vistos, enganei-me na pessoa.