terça-feira, 13 de novembro de 2007

In and out? ou inside out?

‘Todos diferentes. Todos iguais.’

Tenho vontade de (re)utilizar esta expressão como legenda para um assunto diferente que não o do racismo e/ou xenofobismo.
Relacionar esta frase com questões raciais e/ou xenófobas, (para mim) não faz muito sentido. Que interessa se temos pele branca, castanha, mestiça, vermelha ou amarela? Que interessam os diferentes traços étnicos, raciais, religiosos que distinguem um povo do outro? Bem adaptada a esta problemática estaria a frase ‘Todos iguais. Todos iguais’. Eu explico a redundância – exteriormente, todos temos uma cabeça agarrada a um tronco, dois braços, duas mãos, duas pernas e dois pés (…) Física e anatomicamente falando, somos semelhantes, para não arriscar no ‘iguais’. Temos os mesmos potenciais, as mesmas aptidões…infelizmente, para as oportunidades a mesma viabilidade não se verifica….talvez arrisque mesmo a adjectivar de utópico o desejo de encontrar uma equivalência neste ponto.

A frase, com a qual iniciei esta humilde dissertação, torna-se adequada se quisermos falar acerca daquilo que faz diferir um ser humano de outro. Acho que a grande diferença reside num órgão – o cérebro – e com isto não estou, obviamente, a referir-me à sua forma (nesse aspecto, voltaríamos à estaca zero – todos iguais…again). Não estará o cérebro para ‘Rei do corpo’ como está o leão para rei da Selva? (Claro que se estivéssemos a falar, especificamente, do sexo masculino poderíamos ser tentados a pensar que outro orgão (‘entre-pernas’) entraria em séria competição com a massa cinzenta :)). Mas, não nos dispersemos. O cérebro controla, comanda, decide, sente, age, limita, castra, impede, ordena, interpreta. É com ele que apreendemos, sentimos e julgamos o mundo que nos rodeia. É através desta interpretação que agimos em conformidade com as pessoas e situações. Neste aspecto é curioso como, mesmo aqui, ele quer ser manipulador (ou será que funciona ao contrário?, e é ele o manipulado?): conseguimos pensar uma coisa e fazer outra, na maioria das vezes, conscientemente, mas com a sábia desculpa de que o inconsciente jamais descansa e, por vezes, até ‘trabalha’ por nós.

Para corroborar esta minha modestíssima opinião em relação ao que pode explicar, de facto, a diversidade humana, utilizo o simples (mas complicado) exemplo da amizade.
Sinto necessidade de dizer o que penso e, principalmente, aquilo que sinto. Quando gosto de alguém tenho que o dizer e, não raras vezes, faço-o por sms ou e-mail (tantas vezes que impossível se torna o frente-a-frente). De início, notei que as pessoas ficavam surpreendidas. Cedo percebi que o hábito não fazia nada o monge (não estão habituadas a isto) e as minhas palavras surtiam variados e diversos efeitos desde: a ausência de resposta (um clássico para quem acha que dizer que gosta ou precisa é sinal de debilidade, fraqueza ou flirt ou vulgar ‘sem-vergonhice’ - ‘olha esta agora a fazer-se ao bife’); (ou) a famosa mensagem de retorno ‘Enganaste-te?, ou era mesmo para mim?’ (estes continuam a pertencer à classe anterior, mas com resposta mais elaborada (a do indivíduo que assobia para o ar distraído ou olha por cima do ombro desconfiado)); (ou) a mensagem nada original ‘Eu também’ (respondida 24 horas depois – ‘que eu tenho mais que fazer do que responder a estas tretas); até à resposta positiva e sentida, muitas vezes, de pessoas que já não vemos há meses ou até anos. Curiosamente, ainda, excluindo estes últimos, todos os outros só enviam sms ou e-mail como resposta….NUNCA por mote próprio – ‘Tenho lá tempo para me lembrar destas coisas!!! - (fazem-me recordar o cãozinho do Sr. Pavlov….só com estímulo de trrim, trrim de campaínha associado a carne fresca é que dava a resposta salivante).

Esta divisão de critérios de resposta e/ou de interpretação de mensagens pode até passar a cores, mas não passa em branco. Acho que daqui podemos retirar as mais variadíssimas e curiosas conclusões. Sei perfeitamente que, embora conhecendo muita gente, posso contar os verdadeiros amigos pelos dedos de meia mão (mão inteira dá 5 amigos …. ‘Vá…não sejas abusadora nem muito optimista’).
E estes são: os que estão, mesmo não estando; os que ficam, mesmo não podendo; os que apoiam e defendem quando concordam; os que repreendem quando discordam; os que ajudam, mesmo quando não pedimos; os que ajudam a ver quando ‘cegamos’; os que estão perto mesmo estando longe; os que são fiéis e nos auxiliam nas fases más (quando nos sentimos no topo do mundo, nunca ‘precisamos’ de ninguém e nem pensamos nestas coisas); os que ligam todos os dias a saber como (e se) estamos; os que são incansáveis connosco, mesmo quando nos cansamos de nós próprios; aqueles que enfrentam tudo e todos em prol do nosso bem-estar sem q.b.’s e meias-medidas.

É tudo uma questão de compromisso e de interpretação de um papel, sem olhar a custos e atitudes politicamente correctas. Quem está como amigo, está ‘no matter who or what', sem olhar a expensas, consequências ou atitudes menos próprias. Quem pensa ‘Se não me ‘meto’, eu não me comprometo’… então não está como amigo, está, antes, como … outra coisa qualquer.
Pensem se estão a dar tudo o que poderiam ou deveriam àqueles de quem gostam sem, muito humildemente, esquecerem que o mundo é redondo: hoje estamos em cima, amanhã podemos estar em baixo e como não somos ilhas….todos precisamos uns dos outros.
É esta (há outros exemplos) disparidade de atitudes (às vezes de quem menos esperamos) que faz com que sejamos ‘Todos diferentes. Todos iguais’.

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