sábado, 8 de dezembro de 2007

Abecedário Português (de Amor)


Amar-te é…

Abrir-te o meu peito e convidar-te a amar.
Abraçar a tua vida e torná-la nossa.
Ampliar o sentimento todos os dias.
Agradecer, diariamente, a tua presença.
Afagar-te a alma quando estiver inquieta.

Beijar cada centímetro do teu corpo.
‘Beber-te’, sem desperdício, até à última gota.
Brincar distraída quando te tornares absorto.

Cantar encantada por te embalar o sono.
Curar-te as feridas e mágoas abertas;
Chorar, contigo, quando elas não fecham.

Deixar-te entrar para te apaziguar.
Desejar-te em qualquer hora, altura ou lugar.
Dedilhar-te o corpo para teu bel-prazer.
Dar-te o que precisas sem esperar receber.

Envolver-me em ti sem me querer afastar.
Encantar-me com os teus defeitos sem me assustar.
Escavar o nosso terreno amoroso quando estéril e inóspito.
‘Estudar’ o teu corpo em sistema 'braille'.
Embalsamar o nosso amor para que fique intacto;
Esculpi-lo em pedra para o Eternizar.

Ficar sem um pingo de vergonha nas noites de amor.
Fazer-te feliz para todo o sempre.
Fundir-me contigo numa cama quente.

Ganhar-te como prémio, mas nunca de guerra.
Gingar o meu corpo em cima do teu.
Galgar montes e vales, percorrer mar e terra.

Honrar-te sempre, inequivocamente.
Homenagear-te por me fazeres feliz.
Herdar-te em vida e na morte…e p'ra sempre.

Impedir que te vás pois quero que fiques.
Içar-te quando te sentires abaixo do chão.
Ignorar as investidas dos que nos querem mal.
Inquietar-te o desejo de nos amarmos no chão.

Jurar-te amor, eternamente.
Jorrar sobre ti, desesperadamente.
Julgar-te jamais, indubitavelmente.

Lembrar-me que nos pertencemos.
Lançar-me nos teus braços sem rede e sem medo.
Lutar por ti sem nos apercebermos.

Matar só o tempo em que não estamos juntos.
Mandriar contigo na preguiça de Domingo.
Menosprezar conflitos, fricções e atritos.

Namorar-te o corpo, a alma e o espírito.
Nascer e renascer vezes e vezes sem conta.

Oscular-te até que me doam os lábios.
Obrigar-me a ficar quando estou desistente.
Observar o teu sono como o melhor presente.

Procurar-te em cada canto de mim.
Perder-me em ti, em nós e aqui.
Percorrer o teu ser e encaixá-lo no meu.

Querer-te bem e acima de tudo.
Quitar-te a roupa e deixar-te mudo.

Rir de mim, de ti e de nós.
Reencontrar-te quando estiveres perdido.
Reconquistar-te quando for abandonada.
Redimir-me quando me tornar derrotada.

Saber, desde sempre, que foste feito para mim.
Sorrir de ter ver acordar assim.

Tocar-te e sentir a melhor parte do meu corpo a ser tocada.
Tender-te a minha mão mesmo amuada.

Urdir tramas e retalhos de amor para nos manter quentes.
Usurpar o teu corpo nas noites ardentes.

Ver-te em todo o lado e em mim.
Virar-me de frente quando estou zangada.
Venerar-te inteiro no palco do mundo.

Zombar de quem nos quer ameaçar a bem-aventurança.
Zelar para que nada falhe nem hoje, nem nunca.

1 comentário:

Anónimo disse...

Que lindo texto... quase perfeito. Muito próximo do Pendulo... esse sim, uma obra de arte com a força brutal de cada palavra. O Pendulo será sempre meu.