quinta-feira, 6 de março de 2008

Falta de civismo (dos outros) a quanto (nos) obrigas…

O humor não era grande coisa.
Às 8 e pico da manhã, o que se poderia esperar?
Ocorrências obrigatórias: poupança na conversa (a essa hora não há nada para dizer, a não ser praguejar ‘que temos um dia inteirinho de trabalho pela frente’…a moral nunca está lá essas coisas!), sono…MUITO SONO (‘quanto mais durmo mais inércia tenho’!), trânsito….MUITO TRÂNSITO (sempre, para quem vai de Gaia para o Porto e a merda do nó de Francos é O cancro do tráfego da cidade. Perto dele, a Ponte da Arrábida sai barato, até de borla!), o dedo SEMPRE no search do rádio em busca de música que o ouvido matutino consiga suportar (tudo menos o papaguear dos energúmenos dos locutores desta nouvelle vague radiofónica que acham que dizer qualquer merda no ar, desde que seja dita por eles, tem piada e consegue o milagre do Mokambo que rasga (há anos) um sorriso na cara das famílias ao despertar!).

Vêm as irmãs nesta ‘alegria’ matinal do pára-arranca, saltitante à vista de qualquer transeunte automobilístico atento, quando a mana Sónia deixa, muito simpaticamente, uma senhora (na altura, ainda era uma senhora) passar da faixa da direita (a dela) para a da esquerda (a nossa). Qual não é o nosso espanto quando, depois de já estar com o seu jipe gigantesco e jurássico, de mil-novecentos-e-troca-o-passo, à nossa frente, olha para o retrovisor e ao invés de nos agradecer, como qualquer pessoa normal, encosta o dedo indicador na testa a rotular a mana de ‘doida’. A Nica, coitada, que não percebe nada de condução e vai todo o caminho mais a dormir do que acordada, é ‘abalroada’ pela mana Sónia, ‘tu já viste isto? deixei-a 'entrar' e ela ainda me chama maluca!, isto é uma falta de civismo, a grande parva!, que não tem outro nome, se calhar queria que eu parasse em vez de abrandar para lhe dar passagem?!, tu achas isto normal?’ e a Nica a responder que não ‘que não achava normal, que tinha sido uma grande bruta e a concordar que a outra era, sim senhora, uma grande parva’!

Minutos de silêncio, talvez tivessem sido apenas segundos, e o nosso carro a explodir de tensão, o nervoso miudinho da condutora à espera de conivência da passageira do lugar-do-morto (euzinha), as mãos decididas a segurarem o volante nervoso, o pé no acelerador com pressa repentina de actuar…era só o que ela estava à espera - da minha locução: ‘Mana, queres ultrapassar para a mandarmos à fava’? Palavrinhas mágicas que disseste que nem tinham acabado de ser proferidas já a mana Sónia acelerava e se punha ao ladinho do ‘dinossauro’. Mal nos aproximámos do vidro da ex-senhora que, agora (no mínimo), tinha passado a parva, já ela estava (ou não lidássemos nós com uma sub-urbana desqualificada com grande carência de civismo) com o dedo colado ao vidro, fazendo, na perfeição, aquele gesto famigerado que simboliza o órgão sexual masculino com os respectivos que o acompanham – é que nem deles se olvidou!!!

(…. FICÁMOS CEGAS, raivosas, danadas e miseravelmente arrependidas de lhe termos cedido passagem, capazes de nos imolarmos, ali mesmo, pelo nosso bom-samaritanismo - que entrasse na VCI mais tarde ou nem entrasse que não fazia lá falta nenhuma, - “mas você ‘tá maluca ou faz-se, ‘tá armada em Sandokan ou quê?, sua grandessíssima mentecapta!”)

Deixou de ser senhora - passou a parva e tantos outros nomes começados por P..., TUDO - num ápice e como quem tem má educação costuma tê-la a granel (esta, então, tinha toneladas), jamais satisfeita ou saciada com a medíocre conduta, guinou o dinossauro para cima de nós na tentativa de ameaça de nos abalroar a viatura. A mana Sónia que não é Lamy de sobrenome nem nada, mas também não é trenga nenhuma, em vez de se amedrontar e ficar para trás, acelerou o carro (não cabia um dedo na nesga entre nós e a velha carcaça que ficou lívida de espanto quando, ao passarmos, abrimos o vidro e lhe atirámos com a única coisa que estava à mão … UM PACOTE DE BOLACHAS!!
Não há pachorra (nem de Dalai Lama) que aguente!

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