quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Cuidado com a sinceridade!

(Modesta dissertação sobre o conforto mascarado da mentira ou a coragem da verdade)

Estranha advertência a que intitula este texto! Como a pode classificar uma pessoa transparente, que acredita, piamente, que a mentira não se faz só de perna curta, mas antes de um organismo vivo e ramificado, todo ele mal-formado, nado-torto, medíocre, corrosivo, matreiro?

Decidir mentir ou não (that is the question)... aceitar a mentira como adequada, justificada, conveniente; chamá-la de caridosa (como alguns a gostam de nomear - não que fosse necessário, porque a dita já tem nome). Relembro-o para os mais, convenientemente, distraídos/esquecidos - MENTIRA: nome feminino, singular - acto ou efeito de mentir, de faltar à verdade de modo consciente e intencional; feita com a intenção de enganar - significado simples que se retira de qualquer comum dicionário de Língua Portuguesa.

Uma faca de dois gumes: afiada, cortante, cruel; capaz de 'matar' porque a aproveitam os farsantes, os mal-formados e dissimulados para fazerem de nós fracos - dos que não mentem ou omitem - e, das nossas sinceridades (muitas vezes fraquezas), armas de arremesso para, minutos, dias, anos mais tarde, nos espezinharem de forma belicosa e arquitectarem culpas das nossas verdades.
Sim!! Essas mesmas que, no início das relações amigas ou amorosas, nos pedem sempre para contarmos e não omitirmos!
Mais cautelosos (ou sábios estrategas de enredos) os que mentem ou omitem (não sei se devo dar a mão à palmatória...ou vice-versa). Esses assumem, assim, posições mais confortáveis, nada passíveis a comparações menos benéficas e ganham, com isso, estilos de vida mais brandos, regrados, invioláveis no que toca a críticas e/ou comparações.

Será que podemos ser um livro aberto para quem se fecha, conveniente e hermeticamente, para se proteger, poupar e estar sempre num patamar superior, pois não há espaço para indício de falha ou comportamento falível?; é um 'dar um ar' (não dando a cara à verdade) de que se é perfeito, de indivíduo a quem não se aponta um dedo nem acusador ou inquisitorial, nem de espécie nenhuma, tal qual toalha de linho imaculada em almoço de Domingo.

A verdade tem um preço...por vezes caro... já me saiu muito dispendioso. Contas feitas, verdades somadas, mentiras subtraídas, curiosamente, optei sempre por esse caminho, por ser mais justo, o mais direito, mas, também, e ao mesmo tempo, o que me saiu mais caro e tortuoso, porque acorda o ciúme (usado, por muitos, para destruir o frágil (até aí forte) castelo de cartas; é letal; destrói, prolifera, ganha terreno, usurpa a razão, esteriliza o que há (ou havia de bom), alimenta a raiva e o desgosto, planta a desconfiança, anula a sensatez, nutre a falta de sinceridade, amamentando-a, como se de um filho se tratasse), desperta a falta de respeito - sentimentos destruidores, dilacerantes, que, bem (mal) usados, por quem nunca se 'mostra', são capazes, ainda, de nos fazerem sentir culpados e em dívida pela nossa honestidade.

Como me disse, um dia, um amigo: 'Conheces-te...quem gosta de ti, conhece-te...as acusações dos outros servem para as trazeres ao peito, como medalhas que não 'mancham ou tingem', porque são 'não-verdades'...o que importa é o que tens dentro e não o que pensam de ti'.

Optem sempre pela verdade. Embora possa ter um caminho mais sinuoso, levar-vos-á para um destino mais certo ... se esse destino não vos aceitar.... acreditem, há outras 'opções' no mapa :) .

4 comentários:

Anónimo disse...

O mundo é uma ervilha... Peço desculpa pelo "abuso", mas ao navegar pelos blogs (algo que uso para me distrair quando não posso fazer de outras formas) sou fã de blogs de amigos, e no seguir por temas fui parar a este blog. Invejo a forma de escrever, não tenho esse dom, daí o andar sempre a ler o que aqueles que o tão bem fazem. Ao cuscar o perfil de tão boa escrita deparo-me com o facto de a conhecer,apenas de vista, e infelizmente de termos em comum um "conhecido" que me leva a comentar este texto precisamente. Não me vou identificar, por mto que seja entendido como cobardia, mas acho que o facto de ser mulher leva-me a deixar este meu comnentário. Por uma razão muito simples, fui enganada como também acho que foi enganada por "ele". Tenho muta pena de cairmos na mesma esparrela, mas o gajo tem de ser denunciado. Estou farta do tipo andar ai como se nada fosse, a enganar e a usar e depois a recorrer a esquemas e ardis ridiculos e nada dignos dum gajo de 36 anos...
Deve já estar confusa, peço desculpa,se calhar um dia entende.
o meu desabafo está feito.
parabéns mais uma vez pela escrita.

Nica disse...

Caro(a) conhecido(a) lamento não ter percebido de quem fala, mas não me facilitou a tarefa ao não se identificar. Como já percebi que foi propositado, lamento informá-lo(a) de que não faço a mais pequena ideia de quem fala e penso mesmo que está equivocado(a). Se algum dia pretender identificar-se, posso esclarece-lo(a).
Aproveito para agradecer o lisonjeiro elogio acerca da minha escrita.

Anónimo disse...

Não me vou identificar, acho que o comentário que fiz foi de "cabeça quente", e acredite que não estou equivocado.
Pretendia alerta-la a si, mas pelo que percebi o fulano em questão e de quem falo "enganou" a sua amiga ou irmã, não sei bem, porque como digo conheço-a de vista. O F.D.P. em questão fez muito mal a uma grande amiga minha,e, infelizmente, conheço a personagem em questão, e tanto pelo convivio com ele e com os desabafos dessa minha amiga, acabei por ficar a conhece-la a si e à sua amiga de vista, e ao ver o seu blog te-la reconhecido (vistudes/desvantagens dos blogs). Estou um bocado farto de ver esse gajo a criar mau nome aos restantes Homens. nem todos somos assim, e de me doer bastante ao que fez à minha amiga. Tentei escrever como se da amiga se tratasse, pensando assim que seria melhor para a "advertência". Peço desculpa. No entanto fica a ideia transmitida, pode apagar estas trocas de comments, de nada servem.
Fica no entanto o elogio como disse à sua escrita.
Fique bem.

Nica disse...

Se não quer comentários publicados, não os escreva. Simples! Em segundo lugar a advertência que me quis fazer, como deve entender, não surtiu qq efeito, pois como deve imaginar em 32 anos de existência convivi com muita gente e não faço a mais pequena ideia de quem fala, repito.