segunda-feira, 8 de outubro de 2007

FUR (an imaginary portrait of Diane Arbus) by Steven Shainberg


Filme protagonizado por Nicole Kidman e Robert Downey Jr.

Nunca escrevi sobre um filme. Das centenas que já vi e me marcaram, deste, não poderia deixar de dissertar a minha humilde opinião.

Uma família, aparentemente, perfeita. Marido, mulher, duas filhas; vivências de uma alta sociedade crítica e desatenta. Felicidade de um marido que ama, que se sente realizado marital e profissionalmente, num laisser-vivre mais confortável do que um observar atento de uma inconstância (in)vísivel de quem se deita, no mesmo leito (noite, após noite, após noite), ao seu lado, numa solidão gritante e muda.
Uma novidade: um vizinho misterioso, enigmático e encoberto que se muda para o mesmo prédio, um lanço de escadas acima. O despertar de uma mulher que quer fazer e viver algo diferente, que quer 'voar' e libertar-se de uma rotina que a castra e que a deixa infeliz e incompleta, dia após dia.
A libertação começa no dia em que decide fotografar o vizinho: homem com uma doença que não lhe permite andar de rosto descoberto (o que a intriga) e que faz despertar nela vivências apagadas, recalcadas e nunca entendidads pelos mais próximos. Encontros fortuitos, à socapa; noites envoltas em mistério, voyeurismo, com experiências que fazem redescobrir sentidos, sensações e toques inexistentes há anos; um viver circense, nada holywoodesco, de um grupo de renegados com vivências à parte, de uma sociedade que os encara como aberrações daquelas sobre as quais preferimos não pensar e olvidar que existem.
Ela 'abraça' este mundo...o amor acontece, o adultério também, de uma forma distinta, sofrida, inocente, carnal, absoluta, necessária....um amor com tempo, data e hora marcada.
Paixão assumida, quando nada mais importa do que o amor que sentem e os une indissoluvelmente, porque se olham sem pudor ou vergonha, despidos de preconceitos de quem os vê como doidos.
Uma doença acontece - capaz de acabar com tudo num ápice, num 'abandono' do destino, irreparável, irrevogável, incontornável, mas, ainda assim, capaz de deixar de herança um incentivo para uma vida diferente e pré-destinada.

O fim não vos conto. Por uma razão simples: não há palavras que descrevam um amor que tinha tudo para ser 'para sempre', mas quis o malfadado destino que tivesse a fugacidade de um fósforo que já teria começado a arder.
Este unhappy end só seria explicado pelas lágrimas que chorei porque o destino consegue ser cruel e ladrão.
Desejei que alguém que amei testemunhasse esta película...para isso tinha escrito um bilhete, incluído na caixa que continha o filme, para ser lido, apenas, no final.
O bilhete 'rezava' assim':
'Porque podemos ser amados sem nos sentirmos amados';
Para te provar que a beleza exterior não conta;
Para mostrar que temos o dever de estar atentos a quem nos ama;
Porque a vida é curta e mais curto ainda é o tempo que escolhemos para amar;
Porque a vida não pára (só quando morremos)
(uma das melhores histórias de amor a que assisti....de lágrimas!)

Depois de um 'Esquece-me', hoje, o bilhete deixou de fazer sentido. Para grande pena minha, nunca foi entregue.

1 comentário:

Unknown disse...

Fiquei curioso!!
Venha daí esse leitor de DVD...