quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Mulher versus Homem

É a expressão mais ‘humanizada’ para a questão. Se preferirem, podemos falar de ‘Fêmea versus Macho’ numa versão mais consonante com o primitivismo do reino animal ao qual também, tão bem, pertencemos. Não que este reino se extinga nestes dois géneros: não esqueçamos os hermafroditas e os assexuados.

Mulher – Homem: não vivem um sem o outro e quando ‘vivem’ é por pouco tempo, ou não estivéssemos nós nesta vida ansiando por alguém que nos suavize a solidão e faça companhia. A realidade é que juntos ou separados a mesma verdade nunca é igual para um e para outro.

Mulher com corte de cabelo e roupa ‘à rapaz’ que fuma e bebe é ‘fufa’, homem mais sensibilizado pelo lado feminino é ‘sensível’; quando ela se preocupa com o look é ‘fútil e vaidosa’, quando ele se preocupa com a aparência, usa creme anti-rugas ou acessórios é metrossexual; macho com muitas mulheres é ‘experiente’, fêmea com muitos homens é ‘pêga’; se ele gosta muito de sair à noite para beber uns copos com os amigos é porque é ‘divertido’, se ela gostar do mesmo é porque ‘anda ao engate’; homem solteiro depois dos 30 é ‘independente’, mulher solteira depois dessa idade é ‘encalhada’; se ele não ajuda no serviço doméstico é ‘menino da mamã’, se ela não o faz é ‘desleixada e preguiçosa’; homem implacável nos negócios é ‘bem sucedido’, mulher na mesma circunstância é uma ‘cabra sem escrúpulos’; se a ele não lhe apetece sexo justifica-se porque ‘anda muito cansado’, se a ela não lhe apetece é porque é ‘frígida’; se ele for infiel é porque tem que procurar fora o que não tem em casa, se ela cair no mesmo erro é ‘pêga’ (outra vez); homem adúltero faz a mala e sai de casa e ninguém fala disso; mulher adúltera é ‘lançada à fogueira pública’; se ele cheirar a cavalo é porque cheira a Homem, se ela cheirar a égua é porque é ‘porca’.
Mundo igual, mas ‘mundo’ diferente.

O despertador toca às 6.30h. Acorda os miúdos e veste-os numa fugida. Deixa-os a tomar o pequeno-almoço e toma um banho à foge-que-te-agarro. Veste-se apressada. Sai de casa, enfrenta a merda do trânsito enquanto passa blush na cara e rímel nos olhos (não vá dar-se o caso dos clientes acharem que está com cara de zoombie porque passou a noite na ‘borga’). Deixa as crianças na escola às 8.30h. Vai a comer uma barra energética (que bem precisa) a caminho do serviço porque não teve tempo para mais. Entra às 9h. Trabalha, afincadamente, 4 horas e chega a pausa para o almoço. Que pausa? Que almoço? Sai a correr e vai enfrentar, estoicamente, a fila do Banco, sobra-lhe um nico de tempo para passar na lavandaria e deixar o fato Dele para limpar a seco. O almoço? Aconteceu no meio da correria, uma sande mal deglutida que lhe vai implorar, em menos de um nada, uns sais de fruto para matar a azia. Entra às 14h. Mais 4 horas de papéis acumulados, clientes com pressa e chamadas telefónicas. A cabeça em água. Sai às 18h. Se ‘correr’ contra o tempo ainda apanha meia aula de step no ginásio ao virar da esquina (Deus lhe livre ter que ouvir o marido, mais uma vez, a dizer que ‘tá com umas gordurinhas a mais!’). Sai suada em bica (não tem tempo para banhos, agora), vai a correr buscar os filhos à escola. Chega a casa, ‘acerta os ponteiros’ para conseguir fazer tudo ao mesmo tempo: dar banho aos miúdos, adiantar o jantar, pôr a mesa, vestir-lhes o pijama, ajudar com os T.P.C.’s, apanhar a roupa do estendal que já está seca para a mulher-a-dias engomar, ‘Dassss….pelo menos esse luxo deixem-me ter!!!’, ultimar o jantar, engoli-lo (e aí vem de novo o Eno em seu socorro), levantar a mesa, pôr a louça na máquina, tomar um banho (antes da digestão) ‘não vá agora, depois desta merda toda, ainda ‘esticar o pernil’ na banheira!’, vestir uma camisa de noite aceitável e obrigar-se a assanhar-se como gata sexual a fim de não ter que ouvir balelas do tipo, ‘estás diferente…agora nunca te apetece a toda a hora’ e a cabeça a martelar, ‘Parvo, se ajudasses alguma coisa não me sentia SEMPRE EXAUSTA!’.
Venham agora criticar o versus que ‘espreita’ lá de cima do título e digam que não está certa esta oposição de géneros (mundos). Até o muro de Berlim era mais ‘permeável’!

Sem comentários: