sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Fragilidade

Podemos ser fortes. Às vezes, achamos que somos ou parecemos mais duros e resistentes do que realmente somos. As relações das pessoas têm telhados de vidro. São separadas por frágeis membranas ou películas ligadas por débeis filamentos que se rasgam e rompem facilmente. Dividem-se e decompõem-se. Ninguém quer saber. Quase todos ‘se estão nas tintas’ para toda a gente. Cada um com as suas penas, paranóias, egocentrismos.

No meio da estrada vamos deixando para trás algumas pessoas – as mais descartáveis - não necessariamente as piores ou mais complicadas.
No asfalto do caminho vamos perdendo e destruindo amizades, ligações, paixões, crenças e vamos coleccionando inimizades, desconexões, desuniões, mágoas e descrenças.
Porque é que as pessoas não se ouvem?
Porque não falam?
Porque discutem e esquecem que do outro lado há alguém que também sente, sofre, consente, aguenta e suporta?
Porque não permutam entre si respeito e apreço em detrimento da desconsideração e da ofensa?

Que trampa de atitude é esta de olharmos para os nossos próprios pés e esquecermos os outros que caminham connosco (atrás, à frente, ao lado) e que, muitas vezes, nos ‘carregam’ ao colo?
Será que achamos que podemos tudo sozinhos sem precisar de (ou ficar a dever nada a) ninguém?
Onde estamos com as nossas asininas cabeças e os nossos obstipados corações?

Não quero que me ‘leiam’ ou tentem decifrar aqueles que me ‘infernizam’ a vida. Desses não espero nada. Já não quero que me segurem a ponta do fio depois de me terem ‘pontapeado’, desajeitadamente, para fora do palco. É que nem era preciso….tinha saído de cena sem ninguém dar por isso ou nem tinha, sequer, voltado a entrar. A farsa acaba na mesma, mas podia ter findado sem novas mazelas e raivas recicladas. Quando é por iniquidade, não há perdão ou boa gestão dos restos que ficam. O tempo é agora, não é depois.

Vejo a fragilidade, em alguns, como uma virtude - quando esta tem garra, é genuína, se torna talento ou comprova o engenho dos mesmos. Pode ser um modo de vida ou forma de estar. Quando é falsa ou imitada, tem careca descoberta em pouco tempo. Não seduz ou cativa. Torna-se defeito, estorvo e imperfeição. Transforma-se em doença. Perde o poder de atracção e o encanto. É defeito nu e cru a escassa relevância que atribuímos a algumas coisas e pessoas e a forma como nos tornamos superficiais a expensas de uma pseudo fragilidade. Abaixo os falsos frágeis….e os falsos … de qualquer outra coisa.
Quando estou frágil enrolo-me na posição fetal e mantenho-me ‘na minha’. Não me aproveito de ninguém para lhe sugar a energia sem intenção de a recarregar outra vez!

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