quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A vida estica?

Não, não estica.
É um fio condutor. Uma linha, não necessariamente direita nem ténue. Tem curvas, voltas e dobras sinuosas. É una, indivisível, não se parte ou interrompe para voltar mais tarde. Não fica em suspenso, pendente ou adiada.

É para viver, aproveitar, assistir, coabitar, fruir, usufruir, gozar. Está destinada. Não podemos esticá-la ou alongá-la (a não ser com uma existência muito regrada e, mesmo assim, sem grandes certezas). Não há elixir, magia, poção ou panaceia que a prolongue.

Pode ser encurtada. Por nós ou outrem.
Pode ser interrompida, voluntária ou involuntariamente. A primeira opção muito radical, extrema e desesperada. A segunda pode acontecer mascarada de doença, enfermidade, acidente, incidente ou crime; na maioria das vezes é por nós encarada ou interpretada como castigo, punição, pena, condenação. Não há ninguém que quando tocado pela falta de saúde ou acidente deixe de pensar ‘Porquê eu?’. Mais rapidamente pensamos assim do que temos tempo para pronunciar o nome de Jack Splat Kevorkian (médico americano defensor da prática da eutanásia).

Chamemos os nomes às coisas - a interrupção da vida é a morte. Contra ela ninguém pode ou domina. Acontece e não tem volta….a menos que seja naqueles casos em que um entendido nos diz que temos 6 meses de vida e acabámos por viver muito mais do que isso. Não lhe chamemos erro, então, chamemos benesse, dádiva ou segunda oportunidade. Um susto. Aparentemente, péssimo, por sinal, mas que nunca nos deixa indiferentes ou passivos perante um prenúncio de morte. De facto, tem um lado bom. Faz-nos despertar para a vida. Consequência de um anúncio de óbito. Beliscamo-nos para nos sentirmos vivos, sedentos, famintos e ávidos de viver.

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