sexta-feira, 11 de abril de 2008

A falha

O enigma não está no diz-que-disse, maledicência, calúnia ou trapalhice do embuste em sintonia com a falta de verdade que planta, rega, colhe, almoça, lancha e janta dúvidas de inexactidão e falta de rigor em vida(s) alheia(s).

Com a cusquice, a mordacidade e a má-língua estamos já nós, mais ou menos, habituados, aclimatados e acostumados. É que para a ruindade também se cria hábito ou não fosse o mal-dizer os outros uma usança rotineira e o desporto predilecto de uma boa maioria de pessoas - excitados que ficam como boi picado de mosca que até a língua se lhes enrola e encortiça na sequidão de muita saliva gasta a tagarelar a vida d’outrem e a infectar, poluir e contaminar, com a própria peçonha, a paz dos outros.

A solução é só uma e, ainda por cima, simples: ficar alerta e de antenas no ar (com os cornos não funciona pela sua escassa delicadeza) com o ‘radar’ ao rubro e vigilante para apreender que quando nos começam a tratar mal basta apenas encomendar uma pele mais grossa que sirva de capa a esta mais fina com a qual nascemos e que nem na luta com os UVA’s e UVB’s se safa sozinha!

A verdadeira dificuldade apresenta-se entre os, supostamente, bem-queridos com quem lidamos e vivemos dia-após-dia e com quem não conseguimos falar ou, mais gravoso ainda, comunicar.

Apontar o dedo é simples. Filosofar, então, nem se fala!
A culpa (variada, múltipla e farta – aquela que usamos como disfarce) é do tempo do relógio (porque é sempre pouco, imparável e vitorioso); do tempo lá fora (porque a chuva deprime e o calor apachorrenta); do trabalho (porque nos consome o dito tempo e debilita a tolerância); da falta de amor (porque o egoísmo é muito e nos ensinaram que amar mesmo e a sério PRIMEIRO é a nós mesmos e só depois aos outros); do feitio (porque é sempre boa desculpa para tudo, um excelente réu para o injustificável - distinto carcereiro, carrasco ou executor da má fortuna com sentença desprezível e questionável por ser a mais esfarrapada!), etc, etc, etc…

Vivo numa geração precipitada. Egoísta, desistente, desertora, fugitiva. Detentora de todos os meios emotiva, literária e tecnologicamente falando e, ainda assim, abstémica e evadida. Tudo pacífico, se profundamente conhecesse o sítio para onde pretende ir e o que quer escolher – mas não sabe. Deixa-se levar. É o go with the flow onde tudo parece transitório, provisório, breve e fugaz. Hoje estamos aqui e falamos, amanhã, quem sabe, noutro sítio ou até no mesmo, a tentar ‘comunicar’, mas sem nos entendermos. Geração esquisita, mimada, satisfeita na sua vastíssima insatisfação ou no vice-versa. Pouco lutadora pelo que deve, produtiva no que não deve, adepta do caminho fácil e curto e do atalho sem esforço.
Comparativamente pior que a anterior, em inúmeros aspectos, a minha é a geração ‘rasca’. Da vindoura prefiro nem sequer falar!

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