sexta-feira, 16 de maio de 2008

É Amor




Namoravam há um mês, mais coisa, menos coisa.
Era sexta-feira e ela tinha um jantar com colegas de trabalho. Ele aproveitou que não podia ter a companhia dela e juntou-se com uns amigos para uma tainada.
Tinham feito um pacto. Porque o tempo parecia sempre pouco para estarem juntos, combinaram encontrar-se em casa dele onde ela iria passar o fim de semana. Há muito que lhe tinha dado uma cópia da chave de casa dele que queria também que fosse dela, para sempre.

Os jantares corriam bem. Entre uma garfada e outra uma sms de amor e um telefonema para matar saudades. As 24 horas do dia eram sempre poucas para o amor que sentiam. Estavam longe, mas arranjavam sempre forma de estarem unidos, assim, por telefone, ainda que o longe fosse a uns meros kms de distância.

Depois do jantar, ela foi a um bar. Dois copos de licor tragados e o cansaço numa combinação com excitação começavam a aflorar-lhe na pele. Decidiu mudar de planos. Em vez de o avisar quando estivesse a caminho de casa dele, conforme acordado, decidiu dizer-lhe só depois de lá estar.

Entrou em casa, acendeu a luz e reparou que no chão tinha uma folha A4. Acendeu a luz e rasgou um sorriso nos lábios. O bilhete rezava: ‘Só para te dizer’ e tinha uma seta para que virasse a folha onde se completava: ‘que te amo muito’.

Ainda de sorriso aberto e inebriado pela mensagem de amor e os copos de licor, começou a despir-se. Atirou a roupa por onde passava, acendeu um cigarro e sentou-se no sofá só de cuecas. Pegou no telemóvel e lembrou-se de lhe enviar uma sms a dizer ‘Bebi de mais e vim para minha casa, não estava em condições de ir para a tua’. Ele ficou ‘louco’ e ripostou com chamadas para o telefone dela. Ela rejeitava-as. A ideia de que ele pudesse perceber que ela estava em casa dele passou-lhe pela cabeça. Decidiu enviar nova sms a dizer ‘tou sem bateria, amanhã falamos’ e desligou o telefone. Apagou as luzes e começou a apanhar a roupa que tinha espraiado pelo chão. Atirou-a para trás do sofá, junto com a carteira e o maço de cigarros, despejou o cinzeiro e voltou a virar a folha A4 para a sua posição original. Às apalpadelas e sem ligar a luz, foi para o quarto e deitou-se.

Quase que conseguia adivinhar e ouvir os pneus do carro dele a chiar na entrada da garagem. Em minutos, ouviu a chave entrar na fechadura. Quase deixou de respirar para que ele não suspeitasse. Ouviu-o pousar a chave na consola do corredor, parar na porta da sala e encaminhar-se para o quarto. Acendeu a luz e, quando a viu, soltou um ‘se voltas a fazer isto, mato-te’ e num golpe de mestre de amor aliviado ‘atacou-a’ com beijos e cócegas que a fizeram gargalhar de feliz.

Fizeram amor como nunca tinham feito. No meio do acto mais perfeito que tinham concebido (ela ofegante em cima dele a fundirem-se num só) ele agarrou-a no pescoço como se a fosse esganar de amor, ao de leve, olhou-a nos olhos, profundamente, e perguntou ‘Sabes o que isto é?, é amor’.

Sim era amor. Foi amor que ela sentiu, naquele dia.

1 comentário:

Anónimo disse...

So um coração cheio de amor pode escrever um poeme destes. Como deve ser bom ser amado por ti....