quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A primeira

Tinha sido assim esta noite.
Tímida, envergonhada, retraída, encavacada, aliás como todos os encontros prévios, não fosse a forma como se tinham conhecido menos convencional do que o costume ou razoavelmente menos aceitável para um punhado de pessoas.

Depois do primeiro impacto e transposto o inicial desassossego acompanhado da inquietude aflitiva das borboletas no estômago, a vontade refreada pelo medo tinha alcançado tamanho ímpeto que a vontade de estar e ficar começara a ganhar forma, conteúdo e recheio.

O sono era muito, a aptidão para o concretizar muito pouca entre discretas carícias, beijos acanhados e contidos abraços. Não fazia mal que não tivesse dormido a valer, pois que a valer tinha sido o encontro, adiado o repouso para quando não se tornasse desperdício perder um toque de mãos ou para quando visse retalhados e minguados os encontros seguintes.

(Sabia do que gostava.
Que a vida podia dar-lhe prazer e que talvez pudesse até melhorar, mas que nem sempre as suas mãos eram patroas do destino. Não simpatizava com as contrariedades da ‘relação’ à distância e da separação contrafeita que coava, lentamente, a vontade de investir sem medo, sem trapézio e sem rede).

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