domingo, 13 de janeiro de 2008

Inversão

Tinha tudo para dar certo.

Moral da história:
Tinhas razão. Podemos, mesmo, apaixonar-nos num dia.
Guardo o momento em que te conheci, o ter-te achado especial e diferente, o apaixonar-me sem saber, os poemas de amor (que pareciam) precoces, os lábios secos quando estavas perto, as mãos dadas debaixo da mesa para que ninguém percebesse o que queríamos secreto, a insegurança de te olhar nos olhos com medo que não fosses meu e real, as carícias debaixo de um cobertor ao ar livre em dia de festa.

Guardo a primeira noite de amor, o 'tira a roupa que ficas mais confortável para vermos televisão no quarto', a urgência que tinhas que eu fosse directa do trabalho para tua casa, o cesto das flores campestres, as mensagens bonitas e sempre enviadas antes de adormecer, a música tocada ao piano no meu voicemail, as fugidas com desculpas para comprarmos cigarros só para nos entregarmos num beijo, o ter-te dito que não queria que aquilo fosse, apenas, um amor de Verão.
Lembro-me de dizer que era cedo p'ra tudo e de tu não quereres que fosse tarde de mais, das dúvidas e das inseguranças dos dois, do direito que achavas que tinhas de ser feliz, apesar de todos os impedimentos, da frase 'estas férias e a ausência física vão ser uma prova de fogo' (sapiência precoce para uma 'morte' anunciada).
Guardo tudo isso....era bom, foi bom!

Lembro-me do acidente.......
De querer estar perto e ter que ficar longe: era a cerca, eram as férias, era a mãe, eram os filhos, era o medo transformado em pânico, era a ex e as amigas que eram mais do que isso,foi o ficar reduzida a um postal e duas fotos; foi a transformação, o desassossego, a distância, o cuidado ou a falta dele, a demasiada sensatez, o fazer mal a achar que era o bem. Os maus conselhos dos outros, os bons (poucos), mas não ouvidos. Que era melhor dar espaço e talvez para sempre. A decisão. O abandono (meu e teu). O sentimento de falta de amor.
Hoje não posso esquecer as críticas, os insultos, o nome 'rameira' pelo meio vindo do nada ou, muito pior, vindo do amor que eu tinha, as injustiças, a vingança, a perturbação, a perda de controlo, o fazer mal gratuitamente sem ter noção do estrago, o egoísmo, o desaparecimento da sensibilidade, do respeito, da sensatez, do diálogo, da necessidade, do carinho, da admiração, do sentido de espaço.

Moral da moral da história:
Podia, mesmo, ter dado certo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Abri-te uma porta... a da minha vida. Família incluída. Apenas um pequeno cuidado: com os meninos - era cedo para eles e tudo teria o seu tempo. As pessoas amigas fazem parte das nossas vidas: da minha e da tua. E têm lá o seu lugar. Diferente do nosso. Porque o nosso se quer único. Para mim foi. Não entendo a insegurança. Eu dei-te a mão, com tudo incluído. Tive um grande azar. E precisei de ti. Tiveste medo? Ou maus conselhos? Tu tinhas tu dentro de ti... porque não o seguiste? Porque não arriscaste? Tu tinhas tudo... O sentimento não muda. Os erros perdoam-se, porque erramos, aprendemos e crescemos.

Anónimo disse...

xiiii..........