quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Sub mundo

Uma coisa é o que se vê, o que se apreende, o que se cheira, o que se ouve, o que se sente, o que se prova, o que se toca. É o palpável, o corpóreo, o visível, o material, o físico e o mundano. São os gatos, ao cães, os pastéis de nata, as luzes, as pessoas, a música, o mar, o vento, o dar, o receber. É o que sabemos, lemos, descobrimos, interpretamos, desvendamos, avaliamos, exprimimos, deciframos. Chama-se mundo real, o tal que se estampa aos nossos cinco sentidos e que interpretamos com a ajuda do sexto (que não se vê, mas que dizem que está cá dentro) mais o apêndice da (in)experiência de vida que nos faz ‘observar’ e decifrar o que existe.

Depois temos aquilo que não vemos. O mal que nos fazem por trás das costas e tudo o que nos passa ao lado, os segredos, os sigilos, os recatos, os esconderijos, o ‘diz-que-diz’ resguardado, o adultério secreto, a doença galopante e calada por descobrir, ‘o undercover’, o mistério encoberto, o que se passa portas fechadas e por baixo da mesa, o ‘bluff’ nunca revelado, as verdades caladas no confessionário, a morte a caminho e nunca anunciada, o buraco do ozono aberto por cima das nossa cabeças, as decisões tomadas à porta fechada jamais divulgadas. Disto se faz o sub mundo onde de nada servem os tais 6 sentidos.

Faz rotação a par do primeiro. Um e outro são indissociáveis, inseparáveis e inerentes. Fala-se de um, temos o outro. Não vemos o segundo, não o sentimos, não o cheiramos, não o ouvimos, mas (in)directamente tem consequências na nossa existência. O que fazer? Nada. Está fora do nosso domínio. Não podemos controlá-lo, assim como não controlamos ou fiscalizamos os outros sendo verdade que é de pessoas, também, que se faz este ‘sub-tipo’. Podemos viver no primeiro sem nunca nos darmos conta do segundo. O inverso seria impossível. Há coisas espantosas, não há?

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