quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Mudanças

Poupamos muito tempo quando percorremos um caminho e sabemos, de antemão, o que procuramos. A vida é busca incessante, por vezes ingrata. Tempo é dinheiro, dizem os entendidos. E se no poupar é que está o ganho a partir daqui é só economizar. Os mesmos entendidos apregoam que o dinheiro faz mover o mundo. Discordo, totalmente. O AMOR faz mover o mundo. Seja o amor pelo níquel ou aquele que sentimos uns pelos outros.

A receita?....bem, não há receitas. É aceitar que nem todos as dádivas da vida são boas. Lutar pelas que valem a pena e consentir com o que não se pode mudar. O caminho que queremos é o amor. Ninguém vive sem ele e toda a gente o procura. Uns conseguem-no sem muito procurar, é antes ele que os encontra. Outros há que vasculham até em baixo do último calhau do caminho e nada. Se todos os caminhos vão dar a Roma (já percorri a minha rua de fio a pavio e não cheguei lá!), nem todos os percursos vão dar ao Amor.

Alguém criou o homem e a mulher e depois, certamente entediado, criou este sentimento sem o qual nos sentimos sem Norte. É a única explicação plausível. Não há receita, mas há ditado popular que diz que quem busca sempre alcança. Se o alcance é o que sonhámos? Pode não ser. Mas o que sonhámos na infância não é o mesmo que na idade adulta. Começámos por querer a ficção do príncipe encantado que nos alforria da masmorra em cavalo alado e nos faz voar pelos céus do bem-querer e do afecto. Quando percebemos, já espigadotes, que o príncipe pode até ser o sapo ou a rã, mas tem uma certa piada e nos faz sentir bem...que se lixe o ‘imperador’ e venha o anfíbio esverdeado.
Aprendemos a lidar com aquilo que temos, a escapar do mal que já vivemos e a valorizar quem nos acompanha SÓ porque se sente bem com o nosso sorriso. Às vezes, está ali mesmo ao nosso ladinho e nem demos conta. Anos a fio, cegos com o vislumbre e encandeamento do sonho, um dia, felizmente, acordados para a realidade.

Capacitemo-nos que o ‘grande’ problema que podemos sentir que temos hoje entre mãos, entre braços e entre pés (ou tudo misturado - não tivéssemos nós grande capacidade para empolar e pôr pilhas no que está mal) pode desaparecer num ápice como amendoim em tromba de elefante, tragado em menos de dez segundos, com direito a toque de sineta. Basta, para isso, que olhemos à nossa volta e deixemos que ‘estranhos’ nos amem e aceitemos esse amor como convite para uma coisa maior.

Escutei, incessantemente, enquanto petiz ‘Não fales com estranhos ou com pessoas que não conheces’. Hoje penso, “É dos ‘conhecidos’ que devemos ter medo. São esses que nos fazem mal, com a nossa inocente ‘conivência’”. Ensinamentos distintos (mas nem tanto assim) que só com o passar dos anos e, felizmente, só com a convivência com pessoas de algum calibre passamos a compreender.

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